SEBASTIAN CAVIA

Testemunhos S.O.S. Roedores / Testimonies about rescued rodents

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Testemunhos
 

 

 

Pandinha...

 

Adoptei uma porquinha SRD com cerca de 7 meses no dia 26 de Janeiro de 2008. Chama-se Pandinha. Embora o antigo dono me tivesse dito que ela não tinha nada de errado em termos de saúde, eu depressa reconheci os sinais e as feridas característicos da sarna na maior parte do seu corpo, ao chegar a casa. Não considerei um "problema" porque a adoro e isso não iria mudar a minha decisão de a adoptar e também não considero um "problema" na medida em que 2 dos meus machos já tinham tido sarna, foram tratados com desparasitante, loção desinfectante e pomada que a veterinária recomendou e tudo passou. Agora... um problema grande, sim, é que a Pandinha estava grávida (já vinha grávida aquando da adopção). A veterinária disse que não podia administrar o tratamento a fêmeas grávidas, isso eu já tinha conhecimento pelas anteriores experiências. O meu dilema foi que as feridas pioraram de dia para dia, ela "gritava" muito ao coçar-se e comecei a ficar muito aflita porque nunca quis o animal a sofrer... Confesso que desinfectei com a loção que cá tinha e apliquei a referida pomada mas, em relação ao desparasitante, fiquei mesmo preocupada pois tinha medo de um possível aborto e posterior morte dela, mal-formação nas crias, nascerem com problemas... “O que faço?...”, pensei. Foi-me aconselhado induzir-lhe o aborto dando-lhe alimentação com caracteristicas abortivas como os coentros, que não se devem dar a fêmeas grávidas, mas eu não consegui levar isso a cabo e sabia que haveria risco para ela ao abortar. Sinceramente não sabia o que fazer, não queria nem quero que lhe aconteça nada. Notei que desde que desinfectei as feridas ela não se queixava tanto... Infelizmente a batalha não terminava aqui.

A tristeza cresceu dentro de mim. Levei-a a outro veterinário especialista em exóticos, no dia 8-02-2008... Deram-lhe uma injecção com um fármaco apropriado para o combate da sarna, receitaram vitamina C pura pois estava muito magra e débil, antibiótico pediátrico (em xarope) e deram-me uma loção branca dentro de uma seringa para eu lhe pôr nas feridas. Loção essa que só piorou, a meu ver. Ela coçou imenso, vocalizava muito em tom de dor, fiquei desesperada mas ainda pensei que era porque estava mesmo muito atacada e teria que esperar o efeito da medicação. No final da tarde do dia 9-02-2008 tinha um compromisso familiar mas vim dar-lhe o antibiótico a horas antes de ir embora e quando cheguei vi que estava cheia de sangue no pêlo: coçou e abriu mais as feridas. Chorei, enervei-me, senti-me mal. Direccionei a minha revolta para o antigo dono (que a deixou engravidar sem verificar que já existiam feridas) e para a veterinária (por ter mandado a tal loção branca)... Liguei a outro veterinário conhecido e perguntei se podia voltar a aplicar a pomada inicial precedida do desinfectante que apliquei aos meus machos quando tiveram sarna e também o desparasitante bebível, pois sempre foram eficazes, tudo resultou e não tive este tipo de problemas. Ele autorizou, disse que já não tinhamos nada a perder... Cheguei tarde do jantar de família, fiquei a fazer tempo para dar o antibiótico à Pandinha às 7h... Não consegui dormir... Um aspecto positivo é que ela estava viva e sem sangue quando cheguei a casa; tinha vindo todo o caminho a pensar que iria encontrar algo de mau, um cenário dantesco ou mesmo a morte. Bom, não haver sangue podia significar que o facto de lhe ter posto o desinfectante e a pomada que tinha cá foi uma boa decisão. Ela esteve sempre comigo no quarto, sempre. Às vezes coçava uma das feridas que alastrou e guinchava muito; mas aí eu tentava fazer uma festinha ou gesticulava-lhe um pouco para a obrigar a parar... Ainda existia o risco de aborto durante o fim de semana e de ela não resistir ao acontecer isso, por ex, se contraísse toxémia (infecção generalizada, devido a não conseguirem expelir tudo de dentro, à qual normalmente as cavia progenitoras não resistem). Durante 4 ou 5 dias era possivel, dissera-me. Mas decidi tentar tudo o que era tratamento, pois ficar assim nesta fase adiantada de sarna também iria terminar em morte. Quanto aos bebés... não sabia se iriam já nesta fase sofrer mal-formações devido a todo o tratamento... Pensei que formados já estariam, visto que essa fase ocorre no 1º mês em que ainda nem se nota barriga... Ou seja, se já lhe notava barriga, deduzi – pela experiência com as minhas fêmeas – que já teria ultrapassado o 1º mês de gestação.

Tive fé que ia conseguir vencer aquela luta, que ela ia ficar boa e que iria ter uma vida digna até ao fim, ter qualidade de vida, sem mais gravidezes e sem mais sarna... A 12-02-2008 houve um retrocesso e a minha coragem caiu um pouco por terra, sou sincera. Abriu novamente a mesma ferida do Sábado anterior, sangrou, mas não foi isso que mais me assustou... O que realmente me preocupou foi o batimento cardíaco e a respiração com que ela ficou. Aflita, em clara dificuldade, como se de asma se tratasse... Foi após o tratamento das feridas, após o stress em que ficava sempre que lhe pegava para a tratar, stress esse que, infelizmente, não podia evitar pois precisava de ajudá-la... Prolonguei então a minha vigília até mais tarde, falei-lhe calmamente e num tom baixinho para transmitir calma e para lhe mostrar que não estava só... Finalmente, depois de comer um pouco do muito que lhe deixo sempre na gaiola, deitou-se e encostou a cabecinha, exausta... Não parei de olhar e pensar “pobre animal”... Mas senti que a minha dedicação e empenho poderiam fazer a diferença! Já me tinha sido dito para não prolongar o sofrimento deste animal mas só em última instância e não havendo mesmo solução é que eu optaria por esse caminho, a eutanásia... Chamem-lhe egoísmo. Eu chamo força de vontade, fé e determinação, perseverança.

Dia 18-02-2008 terminou o período de antibiótico... No dia anterior foi dada também a segunda e última dose da injecção para combater a sarna; foi mesmo necessário, visto ela não apresentar muitas melhorias. Estava feliz por ela, pois agora sentia que iamos iniciar uma nova etapa: a etapa em direcção à cura, a uma vida com qualidade. Ia tomar só a dose diária de vitamina C, tal como recomendou a veterinária, e continuar a desinfecção e o tratamento das feridas que tanto a apoquentavam. Infelizmente, no dia anterior, abriram mais 2 feridas numa zona que estava "limpa", sem vestígio nenhum da doença. Mas tenho a dizer que a Pandinha foi e é uma lutadora. Dia 17-02-2008 e 18-02-2008 deu os seus primeiros pulinhos, não foi um "popcorning" perfeito, mas já foi um bom começo e, sobretudo, um bom sinal. Estava a comer muito bem, felizmente.

Tinha que ter forças para a ajudar. Era só o que pedia... Eu falava muito com ela quando ela tentava fugir à gaze com desinfectante e à pomada, pedia para me deixar ajudá-la... porque iamos conseguir!... 

Dia 28-02-2008 fui ao site do S.O.S. Roedores contar que a Pandinha estava a recuperar muito bem, as poucas crostas que ainda tinha já se encontravam a cair, continuava a comer muitíssimo bem e havia um dado novo, algo que me deixou bastante feliz um dia antes... Após o tratamento e administração da Vit. C ela aquietou-se no meu colo e eu toquei na barriguinha dela ao de leve... e senti pela primeira vez os bebés a mexer dentro dela!... É difícil expressar o que senti, depois de tudo o que tinhamos passado. A esperança inundou-me, pelo menos havia vida lá dentro da barriguinha dela, que também deve ter lutado muito; embora ainda tivesse medo do parto e de que os bebés não viessem saudáveis, subsistia a derradeira esperança!... Para já... Parabéns à nossa "guerreira"!

10-03-2008: "A nossa Pandinha está óptima, a comer cada vez melhor e muito mimada, emite pequenos sons quando chego perto e quer mimo ou então ouve os sacos de feno, ração, legumes e chama muito até eu lhe dar a sua refeição. Ainda não teve os seus bebés, embora esteja com uma enorme barriga e eles mexam imenso. Penso que esteja para breve e iremos informar, no site, os que têm acompanhado de perto a nossa luta."

Dia 13-03-2008, foi um dia histórico para o S.O.S. Roedores, para mim...

"A Pandinha pariu cerca das 6:30h da manhã. Tem 3 bebés maravilhosos, perfeitos e bastante activos que, pelos vistos, lutaram também com muita garra e resistiram a todos os tratamentos e medicação administrada. Posso informar-vos que a Pandinha está bem, fez um excelente trabalho durante o parto e está também a ser uma óptima mãe. Estava destinado a ser assim. Há uns tempos atrás escrevi mais acima "porque vamos conseguir!...". Pois bem, hoje posso felizmente dizer-vos "CONSEGUIMOS!..."

Um bem-haja a todos os que nos apoiaram, estiveram atentos, preocupados e que torceram pela Pandinha."

 

Dinora Oliveira

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1. Pandinha e as suas crias no dia do parto, 13-03-2008.

Vitinho...

 

O Vitinho foi um hamster que adoptei em Novembro que 2007 devido, aparentemente, à ex-dona não o poder ter mais. Fui buscá-lo num fim de tarde, vinha dentro de uma caixinha de cartão. Era um animal perfeito não fosse o estado em que trazia metade do seu pequeno focinho: desfigurado, ferido, sem um olhinho devido a um ataque brutal por parte de outro macho, pelo que me foi dito, o próprio progenitor. Bom, não posso precisar ao certo até que ponto terá havido negligência por parte da ex-dona no que diz respeito à divisão dos hamsters que tem em casa... Com toda a certeza o cuidado não foi o suficiente ou o pobre animal não teria ficado naquele estado. Trouxe-o e tratei-o com o maior carinho, apesar das feridas estava espertinho, bricava muito na roda, comia bem. O que me deixou muito feliz, dentro das circunstâncias. Com o passar do tempo as feridas ganharam crosta, que acabou por cair, mostrando que o olhinho dele tinha mesmo sido perdido.

Depois disto, foi um animal feliz, viveu o seu dia-a-dia em plena actividade, enquanto durou.

 

Dinora Oliveira

 

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2. Vitinho na sua roda, que ele tanto adorava.

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